A aprendizagem de uma língua estrangeira de acordo com Almeida Filho (2002) é uma experiência educacional que se realiza para e pelo aprendiz, como reflexo de valores de um grupo social ou étnico que mantém uma escola. São estes valores, que fazem com que a disciplina de língua estrangeira seja abrigada no currículo da escola, ou que surjam escolas voltadas especificamente para o ensino de língua inglesa.
Gisele Domingos do Mar (2006) destaca que um dos objetivos do ensino de línguas é privilegiar a capacidade efetiva da comunicação do falante na língua estrangeira, que seria a competência comunicativa. A autora cita Canale apud Llobera al (1995) que em seu artigo nos traz as quatro competências que englobam a competência comunicativa:
- Competência gramatical ou linguística - ligada à formação correta de frases, pronúncia, ortografia e semântica [...].
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Competência sociolinguística - trata se da adequação do uso em relação ao contexto e as normas de interação. Por exemplo, um garçom precisa ter noções de cortesia e como agir em seu ambiente de trabalho, não se comportando como traz Canale (E aí cara! O que vão beber você e essa bonitona?). - Ok, chump. What are you and this broad gonna eat?
- Competência discursiva – refere-se à habilidade para interagir no discurso e envolve aspectos como coesão e coerência, onde há a necessidade de se unir a gramática e seus significados para que o texto possa ser entendido, como destaca Gisele Domingos do Mar (2006), lembrando de Widdowson em seu livro Teaching language as communication:
Falante A: That`s the telephone
Falante B: I`m in the bath
Falante A: Ok
- Competência estratégica – domínio de estratégias de comunicação verbal e não verbal usadas no discurso.
O processo de ensino aprendizagem de uma língua estrangeira vai recair sobre a competência comunicativa dos aprendizes e, por esta razão, a abordagem ou filosofia de trabalho adotada pelo professor se constitui em um elemento muito importante do processo educativo.
Almeida Filho (2002) destaca alguns fatores intervenientes do processo de ensinar e aprender uma outra língua, destacando aspectos como a cultura de aprender que se prende um aluno para abordar a língua estrangeira e a abordagem de ensinar do professor que muitas vezes entra em conflito. Há, portanto, um desencontro entre o modo como o aluno encara a aprendizagem, e como o professor encara o ensino.
A abordagem de aprender é caracterizada pelas maneiras de estudar e se preparar para o uso real da língua alvo. A abordagem de ensinar é caracterizada pelo conjunto de disposições que o professor dispõe para orientar as operações globais de ensinar uma segunda língua. Ao se tratar do ensino de línguas estrangeiras, essas duas forças devem ser levadas em consideração. Não basta o professor ser apenas o detentor do conhecimento e o emissor, e o aluno ser o receptor passivo. A relação entre estes dois elementos, o professor e o aluno, deve ser interativa havendo uma real comunicação para o que seu objetivo como professor de línguas seja alcancado. Havendo não apenas a assimilação de regras gramaticais, mas a real competência comunicativa na língua alvo.
O objetivo maior e subjacente a todos os atos de ensinar do professor é propiciar desenvolvimento nos alunos de competências na língua alvo. Embora quase sempre os professores almejem alguma versão de competência comunicativa na língua alvo (de uso), não é incomum que o processo resulte em competência formal linguística (do sistema linguístico da nova língua). Quando isso ocorre o aluno aprende sobre a língua alvo, conhece e recita regras e generalizações, mas não engaja uma competência de uso propositado na interação com outros falantes na língua alvo. (ALMEIDA FILHO, 2002, p. 23)
Com o objetivo de que haja a competência na língua alvo, e não apenas a aprendizagem de regras gramaticais, é preciso que o professor tenha um método, uma abordagem de trabalho a ser utilizada no ensino aprendizagem de língua estrangeira. Todo professor de línguas constrói um ensino e dependendo de como procede nessa abordagem, pode ter sucesso ou não na aprendizagem da língua estrangeira pelo aluno.
Ao se tratar do ensino de língua estrangeira também é importante tratar da questão da aprendizagem e aquisição do idioma que não são sinônimos. De acordo com McLaughlin apud Stanich (2008) o termo aquisição de uma segunda língua refere-se a adquirir uma língua em um ambiente natural, sem instruções formais, mais ou menos como acontece com a criança ao aprender a língua materna. A aprendizagem de segunda língua já implica na situação formal de aprendizagem com regras, correção de erros em um ambiente artificial no qual um aspecto da gramática é apresentado de cada vez.
Krashen (1985) usa o aspecto consciente/inconsciente para se referir ao proceso de aquisição e aprendizagem destacando que na primeira ocorre uma comunicação natural, sem preocupação com regras gramaticais, mas com a mensagem, sem que haja um conhecimento consciente das regras de gramática. Dessa forma ocorrendo à aquisição da língua estrangeira de forma inconsciente.
A aprendizagem de língua estrangeira ocorre no conhecimento consciente de regras da nova língua, havendo a correção de erros quando cometidos para a sitematização da língua estrangeira. Sendo assim, de forma consciente quando o indivíduo quer aprender o novo idioma.